Facebook
From SAMUEL , 3 Years ago, written in Plain Text.
Embed
Download Paste or View Raw
Hits: 170
  1.  
  2. (Personagens: Hamlyn, Odrin, Louis, Henri, Rawlin)
  3.  
  4. No interior de um bosque, cercado por grandes árvores, que mantêm o ambiente quase completamente verde, há uma trilha, composta por folhas amarronzadas que caíram durante o outono. O trajeto muitas vezes se encontra estreito devido a árvores e galhos que despencaram, enquanto fortes tempestades trovoavam os céus.
  5. Nele há cinco jovens seguindo a mesma direção; imersos em suas próprias utopias, permanecem silenciosos e atentos.
  6.     Se encontram há mais de dois dias vagando pela floresta. Uma leve brisa desliza entre as folhas das árvores; o ambiente agora se encontra úmido.
  7. Muitos insetos os sobrevoavam, quando fortuitamente, uma borboleta pousa sobre os ombros de um dos andarilhos; magenta e negra, mantém-se sobre seu ombro enquanto o mesmo percorre o trajeto.
  8. O sol ainda era visível enquanto lentamente escurecia, e ao mesmo tempo em que curvava-se diante a terra; a lua já sobrepujava os céus. Sem demora, acolheram-se em volta de uma imensa árvore, e em seguida, sob suas próprias capas; adormeceram.
  9.  
  10. Acordados pelos flamejos do sol em seus rostos, mais um dia de caminhada havia começado, o céu mantinha-se estritamente azulado e cintilante. Antes de partirem, uniram-se e repartiram seus pães que haviam guardado em abundância.
  11. Após a refeição, o quarto dia de caminhada havia começado; e as primeiras palavras haviam sido ditas.
  12. Com cabelos ondulados e castanhos sobre seus ombros, um menino com olhos esverdeados e capa da cor laranja, havia se pronunciado, seu nome era Henri...
  13. Por mais quanto tempo iremos caminhar?
  14. Temos mais dois dias até chegar às planícies. Responde Louis, um menino, alto e magricela, que possui grandes olhos acinzalados sob grossas sobrancelhas..
  15. Os outro meninos permaneceram calados, em seguida, retomam a trilha.
  16.     A poucos passos dali conseguiam ouvir um frequente e sereno barulho de água que quase compunha uma doce melodia; sem demora, logo deram-se de cara com um pequeno riacho cercado por grandes rochas; sua água era cristalina e refletia seus rostos e as árvores que se encontravam próximas ali, um sentimento de paz os toma.
  17. Enquanto contemplam o ambiente, um homem alto, com longos cabelos loiros e de aparência feérica, emerge da água.
  18. Eles o fitam por algum tempo, até que o mesmo percebe suas presenças e devolve os olhares.
  19. Não notei que não estava só; entrem! A água está maravilhosa. Diz o homem com uma tranquila voz em um tom perverso.
  20. Todos ignoraram; a água e o ambiente transmitiam uma sensação de paz, no entanto, o olhar daquele homem; não.
  21. Enquanto todos contornavam o riacho, Hamlyn, o mais jovem do grupo, permaneceu encarando a água, estável no mesmo lugar.
  22. O homem o encara e imerge lentamente na água indo em sua direção, aproxima- se e mantém-se diante ao menino, o fita por alguns segundos; em seguida, maliciosamente, desvia o olhar aos outros menino; e com um sorriso perverso, retoma a Hamlyn.
  23. Vem, entra! Consegue sentir? Sussurra o homem.
  24. Hamlyn não esboça nenhuma reação diante as palavras do homem, desnorteado, apenas lentamente adentra a água.
  25.     O homem pega em sua mão e o guia pela água até o outro lado, o puxa para cima da margem e acaricia seu rosto; os outros apenas observam de longe, perplexos, não esboçam reação..
  26. Minha pele queima.. Súplica Hamlyn ao homem.
  27. Ambos levantam; o homem pega novamente em sua mão, e o leva para dentro da mata.
  28. Enquanto todos os outros, paralisados, se encaram, engolem fundo, e em seguida; começam a correr.
  29.     Correm seguindo mais ou menos a direção onde os dois supostamente podem ter ido. A mata nesse ponto é muito densa, repleta de galhos e troncos caídos.
  30. Uma sensação completamente abstrata os toma por inteiro.
  31.     Após alguns minutos, conseguem ouvir vozes próximas, Odrin, um menino robusto e com um olhos negros, que se encontrava em frente ao grupo, interrompe o passo, logo quando enxerga de onde surge as vozes; em seguida, todos param atrás dele e observam.
  32.     Agora há uma mulher junta ao homem, ruiva, possui longas tatuagens com símbolos indecifráveis em suas pernas e braços; em frente a eles, encontra-se Hamlyn. Amarrado em uma árvore, e com seus olhos totalmente arregalados, possui anzóis em cada pálpebra fixados em suas sobrancelhas, há também uma pequena maçã em sua boca, presa por uma amarra em volta de seu pescoço.
  33. Os dois começam a se acariciar em sua frente, enquanto os outros meninos, perplexos; não esboçam reação alguma.
  34.     Enquanto o homem desliza suas mãos pelo corpo da mulher, a mesma permanece com os olhos fixados em Hamlyn; em seguida, enquanto ela decide virar para beijar o homem, seu olhar fita diretamente aos meninos escondidos atrás das árvores; após isso, tudo escurece.
  35.  
  36.     Louis acorda com o sol aquecendo seu rosto, em meio ao nada e rodeado por árvores, sente uma sensação admiravelmente luxuosa; toda aquela mistura de sensações esvaiu-se; não sente mais medo, nem angústia.
  37.     No entanto, encontra-se sozinho; levanta, e observa ao seu redor.
  38. Vagando pelo local, da de cara um caminho traçado por um longo tapete vermelho; o caminho o direciona até um enorme espelho que possui sua moldura bordada a ouro.
  39. Enquanto move-se vagarosamente em direção ao imenso e deslumbrante instrumento; percebe uma breve movimentação em meio as folhagens, aparenta ter visto um vulto, também avermelhado.
  40. Ressabiado, devia seu caminho ao espelho, e lentamente dirige-se em direção aonde supostamente viu algo mover-se.
  41. Quando aproxima-se do local, percebe que de fato alguém passou por ali; há sobre o chão um belo e pontiagudo chapéu, tingido com um tom escuro de vermelho; fita novamente ao seu redor, mas nada enxerga.
  42.     Volta em direção ao espelho e permanece em frente a ele.
  43. Sua estrutura é luxuosa, rica em detalhes, percebe que ao lado da moldura, há dois pinos servindo como apoio para um punhal, também luxuosamente bordado a ouro.
  44.     Enquanto encara a si mesmo diante ao espelho; revê o vulto locomovendo-se rapidamente pelo reflexo do vidro;  logo, vira-se; no entanto, novamente não enxerga nada.
  45. Um sentimento abstrato o toma, sente-se quente. Estável e com os olhos fixados ao espelho, fita o canto no qual viu o vulto passar aguardando por mais movimentos.
  46. A sua direita, escuta um barulho novamente em meio as folhagens, em seguida, em sua esquerda, houve o mesmo som; deslizando o olhar por cada canto onde o barulho manifesta-se, olha para trás e vê, de longe, uma criatura, alta, sob um manto vermelho; seu rosto é coberto por uma grande e pálida máscara de cabra.
  47.     A criatura desloca-se lentamente em sua direção. Paralisado, um sentimento desesperador o toma. A cada passo em frente da criatura, sente-se cada vez mais consumido pelo medo. Totalmente imerso ao pânico, Louis retira o punhal do suporte e fita criatura que cada vez se encontra menos distante.
  48.     Com um impulso inconsciente, tomado pelo pavor; coloca o punhal sobre seu pescoço, e em seguida, abre um longo rasgo que o faz despencar para trás diante ao espelho. Enquanto seu sangue escorre por suas artérias; a criatura o encara, aproxima-se de seu rosto, e o acaricia.  
  49.    
  50.     Louis acorda com suas pernas sendo puxadas enquanto seu rosto rala-se sobre o chão. Um indivíduo careca e robusto o levanta, e em seguida, o amarra em uma árvore. Com os olhos semi-abertos, Louis avista seus companheiros também amarrados em árvores próximas. Hamlyn não encontra-se mais de modo deplorável, permanece também preso em um tronco a metros de distância.
  51.     Agora, não há apenas um homem e uma mulher; mas sim, muitos outros homens e mulheres; dançando, bebendo e transando; eles gritam, não cantam, apenas gritam.
  52.     Com o alarde, os restantes dos meninos acordam e encaram uns aos outros.
  53. Há muitos clamores e berros; não há esperança; cada um foram postos metros de distância um aos outro, não há como bolar um plano, nem sequer há estímulo para isso.
  54.     Já escurecendo, a única fonte de luz vem de uma enorme fogueira, feita no centro do local. Uma orgia é iniciada.
  55. Os meninos resignam, o máximo que podem fazer é tentar de alguma forma adormecer, para que o que seja feito com eles, seja indolor; para isso, Rawlin, põe-se a bater com sua cabeça na árvore na qual está preso, e logo em seguida, uma grande mancha de sangue surge no tronco; ele então apaga. Os outros decidem não fazer o mesmo, não parece coerente, preferem fantasiar e criar ilusões em suas cabeças, para que com sorte, distraiam-se e fortuitamente, adormeçam.
  56.  
  57. Hamlyn
  58.  
  59.  
  60.  
  61.  
  62.  
  63.  
  64.  
  65.  
  66.  
  67.  
  68.    
  69.    
  70.